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Transcrição da entrevista com Angélica Rizzi para o Jornal Folha da Produção, sexta-feira, 3 de outubro de 2014 - SARANDI-RS

Folha da Produção, sexta-feira, 3 de outubro de 2014   SARANDI-RS
Entrevista especial
Seduzidos pelas palavras
Por Franciele Demarchi
Angélica Rizzi comanda o Sarau “Poetas Iluminados”
A 4ª Feira do Livro na Praça, acontece entre os dias 22 e 24 de outubro em Sarandi. Entre as atrações que acontecem na
quinta-feira, 23, está o Sarau “Poetas Iluminados”, com sessão de autógrafos da escritora, cantora, compositora e jornalista,
Angélica Rizzi. A artista tem dez livros editados incluindo uma coleção poética em cinco volumes, um romance, um livro de
contos e três livros infantis. A escritora vive há dez anos na capital, Porto Alegre, tem também dois CDs lançados e atualmente está
em estúdio registrando seu terceiro álbum intitulado “Se somos nós”. Confira a entrevista realizada com a escritora.



Folha da Produção-O que te incentivou a escrever? Em que momento da sua vida decidiu tornar esse gosto pelas palavras uma profissão?

  O que me incentivou a mergulhar no universo das palavras foi o contato com os livros e a paixão pela leitura.Sou natural de Estrela, Rio Grande do Sul e sempre fui muito inquieta, e acredito que a arte das palavras e os livros presenteados pelos meus pais contribuíram, para que eu conseguisse extravasar toda essa energia e, no momento de escolher uma profissão consegui unir a paixão pela escrita e o gosto pela pesquisa, e escolhi o curso de jornalismo, que me ensinou todas as  ferramentas para escrever um bom  texto além de me apresentar aos mestres do jornalismo gonzo entre eles Hunter S.Thompson.

 

Folha-Desde o começo da carreira existe algum escritor ou obra que foi inspirador? E hoje, o que te inspira a escrever?
   Eu comecei na infância a apreciar os livros. E, aprendi com Monteiro Lobato à descrição de um ambiente e a verossimilhança que provoca o efeito visual no leitor. Na arte da reflexão através das minhas próprias descobertas em qual o verdadeiro caminho do artista além do palco e do ideal de viver para sua arte: descobri na obra do escritor alemão Hermann Hesse: “ser poeta ou nada”; na frase do poeta tcheco Rainer Maria Rilke como conselheiro do seu jovem discípulo na obra Cartas ao jovem poeta escreveu: (....) “investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: "Sou mesmo forçado a escrever?”Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. (...)
   Portanto, tenho lido o excerto deste livro todos os dias, e a cada momento me convenço que esta é a minha sina e tenho tentado construir a minha vida de acordo com esta necessidade!


Folha-O público da nossa Feira do Livro é bastante composto por alunos de escolas públicas e particulares. Como você destaca o papel da escola na sua formação profissional e no incentivo ao gosto pela leitura?
  
 O universo dos livros sempre foi muito vívido para mim desde a infância, porque tanto em casa, quanto na escola cultuávamos o hábito da leitura.  Além disso meus professores cobravam a ficha de leitura das obras  trabalhadas em sala de aula, e mesas redondas para debates literários complementavam as atividades dentro do universo literário.
  A biblioteca da minha escola foi meu santuário da sabedoria até o último ano letivo, pois éramos incentivados à visitá-la  e a conhecer o acervo que ela abrigava.
Na infância eu ainda precisava de escadas e cadeiras para alcançar os livros na estante, na idade adulta continuo alimentando o hábito de procurar e manusear os livros que estão nas prateleiras  utilizando marcadores de página, tablet para anotações:pois nesta visita continua aos “templos do conhecimento”; leia-se bibliotecas ,sebos e livrarias; leio e releio Mario Quintana, degusto novos e velhos autores , escrevo  meus livros:graças ao bom e velho exemplo compartilhado e aprendido  na família e na escola.


Folha-Em todos os encontros e palestras já realizadas por você, consegue lembrar momento que marcou, ou algum fato que tenha reafirmado o prazer de ser escritora?
   O escritor é a ponte entre o inconsciente coletivo, o guardião de histórias e memórias  e cabe a ele ser o farol que guia na escuridão e sinaliza as embarcações, a bandeira de paz e a memória de um país. E com sua sensibilidade e delicadeza atravessa oceanos, derruba muros, e faz com que sua história seja contada por gerações.São estas mensagens que procuro compartilhar com o público e tenho recebido muitas manifestações de carinho, principalmente dos meus pequenos leitores que me presenteiam com desenhos e poemas baseados nos meus personagens infantis, ou emails de leitores que apreciam a minha postura dentro do universo literário.É por eles e para eles: “todos que amam os livros e a literatura como eu” que eu continuo trilhando meu caminho na arte das palavras sempre procurando aproximar as pessoas dos livros e da leitura!


Folha-Como destaca a importância da leitura e das feiras de livros? Você consegue imaginar o futuro desse ato em meio a tantas tecnologias?
  As feiras literárias  fazem a ponte entre escritores e leitores e apresentam de forma lúdica e acessível o universo dos livros,  para então semear a importância do  hábito da leitura.
Pois nestes espaços  literários e culturais a vedete são os livros e a literatura, além de   um canal  interativo, reflexivo e de conhecimento para todos.
O próprio evento  vai naturalmente interagindo com o público leitor a através de bate-papos com escritores e apresentações temáticas  que provocam, inquietam e criam a vontade de buscar o conhecimento que só uma obra literária têm.
   Por isso, acredito que estas iniciativas culturais são um tônico para a humanidade que necessita da literatura  para respirar,  e adquirir  conhecimento e sabedoria.
E dentro  destas ferramentas existem as tecnologias que podem aproximar as pessoas dos grandes clássicos  da literatura , que também podem ser lidos  em Ipad´s, além de facilitar a criação de clubes de leitura que cultuam Jane Austen , Bukowski, Proust etc.
A obra da escritora  Clarice Lispector  ficou mais conhecida pelo  grande público através das  redes sociais e da internet proporcionando aos jovens leitores a pesquisa e a leitura de seus livros;  construindo laços e trocas de conhecimento entre jovens e fortalecendo o hábito da leitura .
   O mundo se renova, e tudo se reinventa a cada dia, tanto nas mídias digitais quanto na literatura pois a arte das palavras é universal  e se comunica em todas as  línguas,além disso acredito que as tecnologias (à utilizadas de forma benéfica)  transformaram o mundo numa aldeia global munida de bibliotecas e museus digitais, que podem ser visitados todo o tempo!


Folha-Deixe uma mensagem convidando os leitores de Sarandi e região para participarem do evento e do encontro com você.
  O Sarau Poetas iluminados  que vou apresentar  na IV feira do livro de Sarandi, foi  idealizado por mim em 2010 ,para ser degustado e apreciado juntamente com o lançamento de um dos meus livros,e para  festejar  a criação literária, com o intuito de resgatar e valorizar a arte e a história da literatura mundial ,e seus escritores que são e foram meus mestres.
  E, em mais uma edição do Sarau não poderia ser diferente:mais um escritor será homenageado por mim e o violonista Tony de Lucca  com informações sobre  vida & obra além da leitura interpretativa costurada com canções autorais, e de outros compositores. E para saber quem vai ser o escritor homenageado tem que participar da feira do livro e ir prestigiar o meu Sarau no dia 23 de outubro.
Venham todos festejar os livros e a criação literária!



Meu site: www.angelicarizzi.com


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